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Carol Emboava 04/02/2016 14:38
    Porto Belo x Praia da Pinheira, Palhoça | Projeto Giramérica

    Porto Belo x Praia da Pinheira, Palhoça | Projeto Giramérica

    Terceira etapa do pedal de 13.000 km pela América do Sul, conhecendo mais um pouco das praias do litoral de Santa Catarina.

    Cicloviagem Longa Distância

    Depois de um dia de descanso "forçado" em Porto Belo, por conta da chuva, a minha vontade de pedalar era tão grande que dormi com a janela de madeira aberta e só a de vidro fechada. Acordava de madrugada e abria os olhos pra espiar se estava chovendo ou não. Felizmente amanheceu um sol lindo! Era hora de colocar os pneus na estrada mais um vez, rumo a São José!

    Esse talvez tenha sido o dia de mais esforço físico até então. Nem tanto pelas subidas, mas pelo fortíssimo vento sul, que vinha contra. Pedalava e fazia força, com médias baixíssimas de velocidade.

    Com 30km e já bem cansada uma caminhonete passou por mim e encostou alguns metros a frente. Eu meio desconfiada continuei bem devagarzinho. O motorista logo desceu do carro e começou a balançar os braços. Perguntou o tradicionais "de onde vem e pra onde vai" e começamos a conversar. Ele me contou que há 10 anos saiu de Criciúma de bike e foi até Porto Alegre e que todo mundo o chamava de louco dizia que ele não ia conseguir com aquela bike, que segundo ele era um caco. Falava alto, gesticulava todo empolgado e contou várias histórias. Depois de uns minutos subiu na caminhonete e na hora de ir embora gritou pela janela "Vai com tudo Carol! Tem muita gente boa nesse muuundo!" Esse foi o anjo do dia! Comprovar por alguém que viajou de bike aquilo que eu já estava provando me deu um ânimo extra pra seguir contra o vento por mais alguns quilômetros.

    Em São José fui recebida, e muito bem, pela família do Pedro Henrique, mais um amigo terceirizado. Jantar e muito bate papo regado a risadas na cozinha até tarde. Aproveitei pra pegar umas dicas sobre o caminho do dia seguinte, o temido Morro dos Cavalos, um trecho da BR101 que não é duplicado e sem acostamento, por onde seria inevitável passar.

    No dia seguinte, ao chegar pude confirmar o motivo da minha insônia. Era realmente um pedaço perigoso da estrada. Nem pensei em pedalar, pois os caminhões passavam muito próximo e a bike desequilibrava mesmo sendo empurrada. Fui caminhando na contra mão, que era o único lado onde tinha um mínimo de espaço entre a pista e o guard rail. Ainda estou na dúvida se o desafio foi mais físico ou psicológico, mas acredito que em todos eles, se a cabeça não estiver forte em primeiro lugar, não se vai a lugar nenhum.

    Pedalei nesse dia até a Praia da Pinheira, porém, passei a entrada de asfalto, que não tinha nenhuma placa indicando e segui por uma estrada de terra (leia-se areia) por alguns quilômetros. Mais uma vez um carro passou por mim e logo parou mais a frente. Eu, ainda desconfiada diminui a velocidade, já que aumentar não dava mesmo. Até o motorista colocar o braço pra fora e fazer sinal com a mão para que eu passasse logo.

    Ao chegar ao seu lado ele puxou papo e achou um absurdo... primeiro eu estar vindo de Curitiba de bicicleta, depois eu estar sozinha e mais ainda eu estar pedalando por aquela estrada e não pelo asfalto. Se apresentou e disse que iria me acompanhar, porque ali era muito perigoso. Seu nome era o Vilson, peixeiro da região da Pinheira, que foi me escoltando e jogando conversa fora pela janela até eu chegar novamente no asfalto. Mais um anjo da guarda enviado!

    Na Pinheira logo fui até a casa do Agostinho e da Clara. Eles conheceram o Giramérica pelo facebook e ao saberem que passaria pela região fui convidada a ficar lá. Fizemos um trekking curtinho no final da tarde, que estava um pouco nublada, mas mesmo assim linda! As praias da região são um encanto e quero voltar um dia com mais calma para desfrutar disso tudo.

    O dia seguinte foi de descanso, fomos até o shopping de São José e ganhei um presente inesperado e inestimável pra levar comigo no alforge. Só eu sei o quanto ainda fico vermelha e sem graça com essas atitudes súbitas. Digo obrigada mil vezes e nem assim consigo expressão minha verdadeira e total gratidão. (Então mais uma vez obrigada!)

    Esse dia foi também de dar um trato na bike, uma boa limpeza na relação e lubrificação da corrente. Muitas estradas de areia deixaram um grilo falante por ali.

    No dia seguinte soool e hora de colocar os pneus na estrada novamente, deixando mais amigos pra trás. Me despedi da Clara e o Agostinho saiu de bike comigo, me acompanhando por mais ou menos 1km, até o começo do asfalto.
    Ali mais uma difícil despedida. Quando desci da bike e olhei pra ele percebi que estava chorando. Ei ei ei, essa cena é minha, sou eu quem sempre chego com pressa e fico com a sensação de estar partindo cedo, sou eu quem sinto que sempre fiquei devendo mais atenção, mais conversa, sou eu quem deixo amigos pra trás, que viro as costas e me desapego a cada dia. Demos um abraço com os olhos molhados escondidos pelos óculos escuros.

    Eu não sei o que mudei naquela vida, e nem cabe a mim saber. Se nem mesmo os meus sentimentos consigo entender nos últimos dias. Mas com certeza algo aconteceu dentro daquele coração viajante, pois as lágrimas transbordando são os sentimentos que não cabem no peito. Difícil mesmo foi virar as costas e ir embora dessa vez...

    Carol Emboava
    Carol Emboava

    Publicado em 04/02/2016 14:38

    Realizada de 15/08/2013 até 16/08/2013

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    2 Comentários
    Rafael 09/02/2016 09:02

    ola carolzita (se é que posso chama-la assim) hehehe.... como anda o pedal? sei você tem outros canais para atualizar a sua pagina do Gira, mas atualiza aqui tambem pow...rsrsrsrs....e o "novo companheiro?" de pedal? parle français? rrsrssrs....deixando de mais delongas, Guria, um otimo pedal....tamo aqui acompanhando, grande abraço.

    Alvaro Walendowsky 11/04/2016 10:10

    Oi Carol! Quando precisar de algum suporte em SC não hesite em fazer contato!

    Carol Emboava

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