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Pedra do Baú
Subida "solo" ao cume da Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí - MG
Para montanhistas experientes, escalar a Pedra do Baú deve ser visto como brincadeira de criança. No entanto, para meros mortais, pode ser uma experiência de superação. Os cerca de 600 grampos da "via ferrata" que levam ao topo da gigantesca rocha assustam. Mas chegar lá em cima é recompensador.
Saí de Campos de Jordão por volta das 6h30 e peguei a estrada para São Bento do Sapucaí. Asfalto bom, sinalização eficiente. Impossível errar. Pouco depois de passar pela vila da Campista e da divisa entre Campos e São Bento do Sapucaí, chega-se ao início da estrada de terra que leva à trilha propriamente dita. Como meu carro é baixo, excelente no asfalto mas péssimo para estradas de terra, resolvi deixá-lo por ali e fazer os cerca de 5km à pé. Caminhada fácil, ótima para aquecer. No final da estrada há um estacionamento e placas com orientações para qum deseja explorar o Complexo do Baú (são três grandes rochas: Baú, Bauzinho e ana Chata).
Aí começou a parte boa da aventura. O primeiro trecho da trilha é super tranquilo. Há duas vias de acesso ao topo (sul e norte). Chega-se primeiro à do sul, mas está interditada. Então é preciso contornar o gigante. Aí a trilha fica um pouco mais fechada, mas ainda bem fácil e apenas com um ou outro trecho de pequena dificuldade.
Depois de uns 40 minutos de caminhada pela mata cheguei à base. E aí veio o susto. Eu imaginava que era alto, mas nem tanto. Que era íngreme, mas não tanto. E estava apenas diante do primeiro lance. Além disso, sem nenhum equipamento (nem sequer uma cordinha).
Sentei-me em uma pedra, tomei um bom gole de água (ainda a melhor bebida do mundo) e comecei a considerar: subir ou não subir, eis a questão. Então surge uma dupla (não parecia um casal). O cara com cordas e ela, não. Certamente era um guia e sua cliente. Mal me cumprimentaram, tentei trocar umas palavras mas percebi que ou estavam com muita pressa para chegar ao topo, ou não foram com minha fachada. Ok, what can I do? Mas, apesar de estarem equipados, subiram sem usar nada. Isso me encorajou. Esperei uns dez minutos e iniciei a "escalada".
Depois de uns 50 degraus pedra acima, arrisquei olhar para baixo. "Se cair, tô fudido". Mas agora era tarde, ou era o topo, ou nada (literalmente, nada). E fui subindo, subindo. Primeiro platozinho, chamado "parada dos medrosos". Se já era bonito o visual dali, imagina lá de cima... Então vem uma sucessão de paredes que parecia interminável, algumas assustadoras para amadores como eu.
Confesso que em diversos momentos me perguntei o que estava fazendo ali. Mas a cada lance que vencia, ficava mais confiante e o medo já me abandonara. A determinação de chegar ao topo agora dominava meus pensamentos.
Não sei quanto tempo que levei para subir. Em alguns momentos parecia que estava ali, cara a cara com a rocha, há horas. E, quando finalmente atingi o topo, a impressão era de que tinha sido rápido demais, que não aproveitara como deveria cada etapa da ascensão. Mas me senti o "bam bam bam", o rei da escalada, o super-homem. Mas também refleti sobre como sou pequeno diante de tanta grandeza. Como sou frágil. Um escorregão, uma distenção muscular, uma cãibra, um detalhe insignificante poderia ter colocado ponto final na aventura e em minha própria vida. Mas aproveitei como pude o privilégio de estar ali, ouvindo o silêncio.
Mas como tudo o que sobe desce, chegou a hora de voltar. No início da descida, confesso que senti um friozinho na barriga, mas depois foi só usar a velha e boa cautela. Sem pressa, logo estava de novo na base. Tive tempo ainda de subir no Bauzinho, que fica ao lado e de onde se avista o "Bauzão" em sua plenitude e imponência, enquanto no horizonte aproximava-se mais uma chuva de verão.
Ghaidy, o medo vem e vai... Se subir mesmo, curta cada metro e posta o relato! Fico feliz se tiver ajudado de alguma forma! Obrigado!
Valeu David, assim que eu fizer a minha primeira subida como vc fez pode deixar que deixo aqui o relato..obgdo pelo incentivo
São Bento fica no estado de São Paulo e não minas
Opa! Valeu o toque!
Trabalho a 20 anos com eco turismo aqui no complexo do baú e sempre uma emoção diferente a cada passeio
Hoje é proibida a subida sem segurança devido ao grande número de pessoas que abusao da segurança
Demorei a responder... Acho que essa questão de segurança tem muita polêmica. De um lado, muita gente sem experiência e imprudente acabam colocando suas próprias vidas em risco. Mas também existem aventureiros que assumem riscos conscientemente, mesmo sem uso de equipamentos ou supervisão de guias. São pessoas que sabem muito bem o que estão fazendo e o fazem até melhor que os guias autorizados e equipados. São aventureiros "raiz", como está na moda dizer. De outro lado, profissionais honestos e realmente experientes, mas também muitos picaretas a fim apenas de arrumar uma graninha, alugando equipamentos desnecessários (e até mesmo defeituosos). Me considero um aventureiro à moda antiga, que prefere estar só do que mal acompanhado e que usa equipamentos apenas quando são realmente indispensáveis. Parabéns aos guias honestos! Espero que você faça parte desse grupo. Abraços.
Boa !!concordo plenamente com vc .