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Keila Beckman 29/08/2015 16:54 com 1 participante
    Parque Nacional Los Glaciares - Parte II

    Parque Nacional Los Glaciares - Parte II

    Escalada no gelo no Glaciar Viedma (El Chaltén - Patagônia Argentina)

    Escalada Trekking Montanhismo

    Roteiro: Escalada no Gelo no Glaciar Viedma

    Participantes: Keila Beckman, Tatiana de Cássia e Andreina dos Santos

    Fotos: Keila Beckman, Tatiana de Cássia e Andreina dos Santos

    Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=NNXlE189xwE

    Continuando o relato anterior ...

    Sétimo Dia - Escalada no Gelo no Glaciar Viedma

    Acordamos cedo, tomamos o nosso café da manhã e fomos até a Patagônia e Aventura onde pegaríamos o ônibus que nos levaria até o lago Viedma, para pegarmos o barco com o qual chegaríamos ao Glaciar.

    Nessa hora tivemos uma grande surpresa. Reencontramos o casal de brasileiros que conhecemos no restaurante lá em El Calafate, na noite anterior a nossa viagem para Chaltén (relato anterior). Conhecemos também uma outra brasileira neste dia. Todos gente finíssima. Pena que não conseguimos manter contato.

    Partimos então, as 9:00, rumo ao Lago Viedma, num ônibus lotado de pessoas de todos os tipos, aventureiros, turistas, jovens, idosos, crianças, etc...

    Tati, Mi, Dri , eu e mais uns 3 americanos, faríamos o programa Viedma Pro (caminhada sobre o glaciar + escalada no gelo), os demais fariam o programa Ice Treck (caminhada sobre o glaciar) ou Viedma Light (apenas a navegação até o glaciar).

    Já na embarcação, seguindo viagem rumo ao Glaciar Viedma, nos deparando com alguns icebergs no meio do caminho.

    Chegando ao nosso destino, o barco ancorou do lado de um trecho de rocha, onde a muitos e muitos anos atrás o glaciar chegava.

    Com o processo de retrocessão do Viedma ( está perdendo mais massa do que acumulando), foi ficando a mostra parte do campo rochoso por onde ele antigamente deslizava. É impressionante quanto massa foi perdida.

    Desembarcamos e nos dirigimos a um domo ali existente, para nos equipar.

    Devidamente equipados seguimos andando em direção ao Viedma, e a cada passo eu ia observando aquela rocha lisa, cheia de ranhuras e formas, imaginando todo o processo que as originaram, durante anos, anos e anos.

    Foi uma sensação muito louca pisar naquele lugar e ver com meus próprios olhos o que a movimentação de um glaciar era capaz de fazer.

    Eu fiquei viajando nessa hora, imaginando os pedaços de rocha sendo arrancados pelo atrito do glaciar com o terreno rochoso embaixo dele; imaginando esses pedaços de rochas, de todos os tamanhos, se atritando com o mesmo terreno rochoso e formando todas aquelas linhas, formas e curvas que se apresentavam aos meus olhos.

    Bom, seguimos andando até darmos de cara com a parede frontal do Viedma. Nossa... como eram lindas todas aquelas formas no gelo e como era lindo aquele azulão entre elas contrastando com o gelo branco.

    Tiramos algumas fotos e prosseguimos até a borda do glaciar, onde colocamos os crampones.

    Assim que subimos ao gelo, nossos instrutores nos deram algumas orientações de como andar com os crampones, na reta, em subidas e em descidas e fizemos um breve treinamento. Após seguimos a caminhada pelo glaciar até chegarmos a nossa primeira parede de gelo, onde montaram um top rope.

    Enquanto eles faziam isso comecei a sentir frio. Ficar parada no meio de tanto gelo não era legal. Sentia muito frio.

    Depois que eles terminaram de montar a parafernália toda recebemos orientações de como escalar no gelo, como posicionar as pernas, como utilizar os crampones e as piquetas nas ascensões, etc., e logo iniciamos a escalada.

    A Tati e a Dri se saíram muito bem. Até parecia que já tinham feito aquilo antes. Eu, ao contrário não me dei muito bem não. Cada chute que eu dava na parede doía muito o meu dedão do pé, e acho que devido a isso eu não conseguia posicionar as pernas corretamente. Um desastre total.

    Escalamos duas paredes nesse local, uma ao lado da outra. Posteriormente escalamos novamente uma delas mas não retornamos para baixo.Seguimos a caminhada no topo dela até chegarmos a uma depressão profunda no gelo, a qual teríamos que descer para escalar a parede da frente, ainda mais alta.

    Eu sofri muito nas duas paredes anteriores então meio que desanimei de continuar escalando. Não queria sequer descer lá ao fundo, porque teria que retornar escalando, mas acabou que o instrutor me convenceu e eu fui até lá, ficar com o pessoal. Mas não escalei a parede da frente não. Meu pé ainda doía muito, em especial meu dedão . Ficamos um bom tempo ali.

    Para voltar tivemos todos que escalar a parede que descemos de rapel. Nessa eu fui um pouco melhor .

    É muito boa a sensação que a escalada no gelo te proporciona. Você ali enganchado no gelo apenas pelas pontas das piquetas e dos crampones. Parece que a qualquer momento aquele gelo vai quebrar. E eu só pude ter essa sensação nessa terceira escalada, pois parei de dedicar minha atenção à dor que sentia no meu pé e passei efetivamente a curtir um pouco o que estava fazendo.

    Depois seguimos caminhando pelo Viedma que nos impressionava cada vez mais com as suas lindas formas. Éramos tão pequenininhos no meio daquela imensidão de fendas no gelo.

    O pessoal ainda escalou mais uma parede, mais difícil ainda. Essa eu não tive coragem de ir. Era uma greta muito profunda, onde não se conseguia enxergava o fim. O pessoal descia até o ponto que se sentia confortável e voltavam escalando. Tudo doido... rsrs.

    Depois disso iniciamos a caminhada de volta ao barco, mas antes passamos por uma pequena caverna formada entre o glaciar e a rocha abaixo dele. Muito linda também.

    Foi um dia muito gostoso, muito especial. Estive num lugar mágico, um lugar que você se sente pequenininho e percebe como a mãe natureza é perfeita em cada detalhe.

    Confesso que num primeiro momento não curti a tal da escalada no gelo, porque meu pé doía muito, cada vez que tinha que chutar a parede, mas na última tentativa já curti um pouco mais. Não foi aquela paixão que as minhas amigas sentiram, logo de cara, mas foi legal.

    Um dia eu chego lá. Deixo de ser tão desengonçada e aprendo a escalar no gelo direitinho e a partir daí... ahhhhh.... a partir daí nada mais me segura.... =D

    De volta ao barco, cruzamos o lago Viedma, pegamos o nosso ônibus e retornamos para Chaltén, onde tomamos um banho rápido, comemos uma torta de morango deliciosa que a Dri tinha comprado e partimos para a rodoviária para pegar nosso ônibus de volta para El Calafate.

    Foi muito triste ter que nos despedir da Dri. Aquela menina maluquinha que encontramos lá no acampamento Poceinot e que mudou toda a programação dela em Chaltén só para nos acompanhar. Eu lembro perfeitamente dela falando lá "vocês são legais... posso seguir com vocês?".

    Desde então não perdemos mais contato e até hoje ela segue comigo desbravando essas montanhas do nosso Brasil. E inclusive já voltamos a Patagônia juntas e fizemos a volta ao gelo continental (relato aqui) , o que tornou nossos laços ainda mais fortes. Uma amiga, parceira e companheira para a vida toda.

    Enxuta as lágrimas, partimos para El Calafate, pela empresa Taqsa, as 19:30, chegando 3 horas depois.

    Assim que desembarcamos, partimos a pé da rodoviária para o nosso hostel, Del Glaciar Libertador, onde comemos, tomamos um banho e logo fomos dormir.

    No dia seguinte tomaríamos um ônibus para Puerto Natales, rumo a nossa próxima aventura, Torres del Paine, cujo relato você confere aqui.

    ALGUMAS INFORMAÇÕES

    -> Hostel em El Chaltén: Ficamos no Condor de Los Andes que cobrava cerca de ARS 74,00 por uma cama num quarto compartilhado com 4 camas, com café da manhã incluso. Se você gosta de luxo não fique no quarto compartilhado. Fique no duplo ou triplo, que é melhor. Se você não tem frescuras e quer apenas um lugar agradável e quentinho para ter uma boa noite de sono por um preço acessível, fique no quarto compartilhado tranquilamente.

    -> Locutórios: Assim como em Ushuaia, em El Chaltén possui um locutório, onde você pode telefonar para o Brasil por um preço bem acessível, entre ARS 1,50 a ARS 3,00 o minuto.

    -> Internet: se você é daqueles que não desgruda da internet nem quando está viajando, em El Chaltén você estará salvo. A internet quase nunca funciona e quando funciona é muito pior que uma internet discada (se é que alguém ainda se lembra de como era a internet discada)

    -> Aluguel de equipamentos: alugamos na Patagônia Hikes (http://patagoniahikes.trekksoft.com/en/), porém existem outras lojas, entre elas a Camping Center (http://www.camping-center.com.ar/) e a Viento Oeste (http://www.elchalten.com/vientooeste/index.php). O aluguel não é caro. Entre em contato que eles te passarão os valores.

    -> Moeda: Alguns lugares por que passamos aceitavam real. Nem todos os lugares aceitam cartão de crédito. Não há casa de câmbio, mas é possível trocar real e dólar no mercado paralelo. A Patagônia Hikes faz essa troca, porém nem sempre eles tem todo o dinheiro que se precisa. Há dois caixas eletrônicos na rodoviária porém pode ocorre de não estarem funcionando. Então... leve dinheiro para El Chaltén. Eu aconselho a levar pesos, porque se você paga em real ou dólar fica a mercê do câmbio que eles impõe, e fica sempre aquela dúvida se eles te devolveram o troco certo ou não, porque o troco é pago em pesos.

    -> Escalada no Gelo no Viedma: Contratamos a empresa Patagônia e Aventura, pelo valor de ARS 1220,00 (incluso: 2 instrutores, transporte terrestre e marítimo, crampons e equipamentos de segurança) e correu tudo muito bem. Mas recentemente alguns amigos fizeram o mesmo passeio e não saíram muito contentes

    -> Hostel em El Calafate: ficamos no O Hostel Del Glaciar Libertador, que custou cerca de ARS 118,00. Assim como o La Posta de Ushuaia era um hostel muito lindo, limpinho, quentinho, e de pessoas muito amáveis. Só deixou muito a desejar no café da manhã após o início da temporada, que ocorreu em 01/11.

    Keila Beckman
    Keila Beckman

    Publicado em 29/08/2015 16:54

    Realizada em 31/10/2013

    1 Participante

    Andreina

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    5 Comentários
    Mariana Ricatieri 29/08/2015 19:18

    Sensacional!!!

    Keila Beckman 30/08/2015 01:51

    obrigada ;)

    Vivi Mar 08/09/2015 12:51

    dicas anotadas :)

    Keila Beckman 09/09/2015 19:57

    =)

    Andreina 16/04/2016 22:09

    Ahhh eu to amando isso aqui!! Ler e lembrar de tudo!! Imensamente feliz por tê-las conhecido!! Ainda faremos muita, mas muita montanha por aí!!!!!! S2

    Keila Beckman

    Keila Beckman

    São Manuel - SP

    Rox
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    Apaixonada por montanhas desde que estive pela primeira vez em uma delas, em 2011.

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