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André Lima 06/12/2019 14:12
    Pedalando na América Austral #03

    Pedalando na América Austral #03

    Primeiros quilômetros pedalando sozinho

    Cicloviagem Acampamento

    Antes de prosseguir, gostaria de lembra-lo que esse post é continuação da série Pedalando na América Austral, para facilitar o acesso aos posts anteriores vou começar com uma lista dos posts já publicados. Boa leitura, espero que gostem.

    Deixei o Xikaum e segui para a saída de Criciúma que nesse ponto é estressante como qualquer cidade grande, pedalei cerca de 12km para chegar até a BR-101 em uma pista com transito intenso devido o acesso a estrada, já na BR-101 resolvi seguir o conselho que recebi na loja no centro de Criciúma e mudei meu roteiro, desisti de seguir direto para Balneário Gaivota e resolvi passar por Morro dos Conventos fazendo o caminho pelo Rincão, então peguei a BR-101 sentido norte e andei alguns quilômetros até a entrada para o Rincão, peguei uma estrada muito tranquila, que passa por uma paisagem que é um misto de interior e litoral, ainda não tinha tomado um caldo de cana nessa viagem, foi quando avistei uma lanchonete a beira da estrada chamada Caldo de Cana Cardoso, resolvi parar descansar um pouco e tomar um caldo de cana, conversei com os donos muito simpáticos, expliquei a viagem, confirmei como chegar em meu destino, eles tiraram uma foto minha e então segui viagem. Após alguns quilômetros vira em uma estrada, vira em outra e pronto estou em uma estrada de terra, acho que foram 20km até chegar na balsa para atravessar o rio (desculpa, esqueci o nome do rio), a travessia gratuita em uma balsa pequena puxada por um pequeno barco que com um caminhão e dois carros e minha bike completando a lotação máxima.

    Terminada a travessia segui por mais alguns quilômetros em estrada de terra até chegar em Morro dos Conventos, foi então que começou uma situação que se seguiu por toda minha passagem pelo litoral sul do país totalmente fora de temporada, estava encontrando quase tudo fechado, campings, pousadas, comercio, pois bem chegando em Morro dos Conventos vi a placa de camping apontando para um terreno enorme mas que acabara de ter as arvores cortadas e todo o solo estava revirado para retirada das raízes, andei um pouco e pedi informações em um mercado, o dono do mercado me falou que aquele era o camping mas estava desativado me indicou outro local um pouco mais a frente que fazia parte do camping e também haviam algumas cabanas, cheguei no local e logo vi que estava fechado, conversei com os funcionários que estavam ali trabalhando eles me informaram que o camping não funcionava mais, mas o dono era também o dono do hotel ali perto e que eu poderia tentar falar com ele para conseguir acampar ali por uma noite, fui até o hotel na entrada expliquei a situação para a atendente, ela me pediu para aguardar e foi conversar com o dono que estava em outra sala, alguns minutos e ela retorna dizendo que ele liberou a minha entrada na área das cabanas onde eu poderia montar minha barraca, chegando lá o funcionário do camping chamado Marco me disse que se eu quisesse poderia ficar dentro do salão de festas que era mais abrigado do vento, ele também ligou a energia elétrica da área que eu fiquei e dos chuveiros, montei a barraca sem o sobre teto por causa dos mosquitos, e pela primeira vez na viagem usei meu fogareiro que estava carregado de gasolina, fiz um macarrão e após jantar fui dormir.

    Salão onde passei a noite

    No dia seguinte, usei o fogareiro novamente para esquentar água e fazer o café com leite solúvel, comecei a desmontar acampamento e arrumar minhas coisas, o Marco apareceu ficamos conversando um pouco, após tudo arrumado resolvi ir ver a praia passei ao lado do hotel e desci uma rua, a praia estava deserta e todo o comercio, pousadas e hotéis a beira mar fechados, vi a placa indicando o farol, pensei em ir até lá mas depois de ver que teria que subir uma estrada de terra me mas condições desisti, passei em um mercado próximo ao camping para comprar água, a dona falou que faziam lanches, resolvi reforçar o café da manhã ali antes de seguir viagem.

    Meu destino ainda não estava definido, só sabia que deveria chegar em Araranguá-SC para pegar a BR-101 sentido sul, pouco antes de chegar na cidade uma van dos correios passou por mim no sentido contrário, percebi a que o carro fez a volta e passou por mim de novo, o motorista buzinou e acenou parando a van, seu nome é Sander, é cicloturista e fazia parte da lista do grupo e-mail do clube de cicloturismo que eu também participava na época, por coincidência pouco antes da minha viagem trocamos e-mails através do grupo quando eu estava divulgando o início de minha viagem e procurando informações, após conversamos um pouco, segui viagem a travessia de Araranguá foi complicada, começou a ventar muito e o tempo começou a formar chuva, na saída de Araranguá outro motorista me abordou, seu nome era Evandro, ciclista e curioso quanto a minha viagem, ele me deu várias dicas do percursos, por onde ir e onde não ir, contei a ele que estava em dúvida sobre o destino do dia, pois eu queria conhecer a região dos cânions mas estava com receio por causa das chuvas na região, ele me aconselhou a não tentar subir a serra com todo o peso de minha bagagem, me aconselhou a seguir pelo litoral por Passo Torres, informações colhidas nos despedimos eu pedalei pouco mais de 100 metros e me abriguei em um posto de gasolina abandonado, pois nesse momento desabou o mundo em chuva, esperei ali cerca de 30 minutos antes de seguir viagem pela BR-101.

    Encontro com Sander

    Chegando na saída para a cidade de Praia Grande que dá acesso à região do cânions e a cidade de Cambará do Sul (RS) no alto da serra, pedi informações sobre as condições da estrada em um posto de gasolina, o que confirmou o que todos vinham falando, por causa das chuvas a subida da serra estava intransitável, infelizmente tive que desistir de um ponto importante muito desejado meu roteiro, lembro que a desistência me desanimou naquele dia tive que me conformar e pensar que poderia conhecer a região em outra oportunidade, decidi ir até Passo Torres, última cidade de Santa Catarina que eu passaria em minha viagem, chegando lá comecei a procurar um lugar para passar a noite, me informaram onde tinha um camping, fui lá estava fechado, peguei informações de pousadas, a primeira fechada, a segunda também a terceira a terceira também, eu estava desistindo de Passo Torres e quase atravessando a ponte que liga a cidade de Torres já no Rio Grande do Sul para tentar a sorte por lá, foi quando um carro com rack de bicicleta no teto e cheio de adesivos de eventos de ciclismo me abordou, o motorista que saiu do carro usando uma camisa de ciclismo me perguntou se eu estava procurando lugar para ficar, eu disse que sim mas estava tudo fechado, ele disse "Então meu amigo você acabou de achar!"

    Seu nome é Souza, é ciclista com participação e títulos em várias provas, também tem uma loja de bicicletas na cidade, segui seu carro até a loja, logo que chegamos lá encontramos o Nia, um amigo do Souza e radialista, ao contar a minha viagem o Nia nos convidou para ir a Rádio Maristela contar um pouco da aventura, após o Souza fechar a loja, segui seu carro novamente a sua casa, lá conheci sua esposa que também me recebeu muito bem, o Souza explicou que todo cicloturista que passa pela cidade ele ajuda, prova disso são as assinaturas dos ciclocutistas nas paredes de sua loja, tomei um banho, jantamos e fomos para a rádio, chegando lá o Nia fez um intervalo para que a gente se acomodasse na sala e então voltou o programa ao vivo...rs... primeira vez que fiz uma entrevista em rádio, pena não ter a gravação para ouvi como ficou... mas na verdade morri de vergonha... rs

    Souza, Nia e eu na Rádio Maristela

    De volta à casa do Souza, arrumei minhas coisas e fui dormir, já na manhã seguinte, fomos a redação do Jornal Norte Sul também contar um pouco da história, chegando lá a redatora fez algumas perguntas tiramos uma foto e logo foi publicado no site do jornal, infelizmente pedi o link da publicação, o Souza e sua esposa estavam com viagem marcada para aquela tarde e me convidaram para almoçar com eles antes de partir, aproveitei o tempo para limpar a corrente da bicicleta, também assinei a parede da loja ao lado de outras assinaturas de cicloturista, foi difícil achar um espaço livre no meio das outras assinaturas.

    Após o almoço chegou a hora de nos despedir, sem o Souza e sua esposa eu estaria perdido e provavelmente não teria tido a ótima experiencia e acolhimento que recebi, segui para a ponte que atravessa para a cidade de Torres e também para o estado do Rio Grande do Sul, após passar pela cidade, segui pela estrada e comecei a pegar um pouco de vento contra, após 25km + ou -, novamente o Souza e sua esposa que estavam de viagem e no mesmo caminho me alcançaram e me deram uma carona até Capão da Canoa, chegando lá fomos para a bicicletaria do Jesus, amigo do Souza, que pediu um auxílio para o Jesus me ajudar a encontrar uma hospedagem ali, na mesma hora o Jesus saiu de bicicleta procurando as pousadas próximas. Encontramos uma que estava aberta em com preço razoável, o Jesus que tinha acabado de me conhecer em um gesto de generosidade se ofereceu para pagar metade do valor da hospedagem, eu fiquei feliz com o gesto de generosidade, mas não pude aceitar, fui até um mercado ali perto para me reabastecer, também usei a cozinha da pousada para preparar meu jantar e o café da manhã no dia seguinte antes de seguir para mais um dia de viagem, antes de deixar a cidade passei na loja do Jesus para agradecer e me despedir, peguei a Estrada do Mar sentido sul, mas a continuação eu deixo para o próximo post.

    Foto na bicicletaria do Jeus que está de camisa preta

    André Lima
    André Lima

    Publicado em 06/12/2019 14:12

    Realizada de 05/10/2015 até 31/03/2016

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    2 Comentários
    Suelen Nishimuta 09/12/2019 10:53

    Uma viagem dessas geram estórias de pessoas de bem que se atraem... <3

    1
    André Lima 09/12/2019 12:31

    Su, encontrar pessoas dispostas a ajudar foi uma constante nessa viagem :)

    André Lima

    André Lima

    São Paulo - SP

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    Ciclista, viajante e pai do Theo e da Mariana :) Autor do antigo blog PedalandoBicicletas e sempre planejando a próxima aventura!!! Instagram @andr.slima

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