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André Lima 10/01/2020 10:26
    Pedalando na América Austral #07

    Pedalando na América Austral #07

    Hola Uruguay!

    Cicloviagem Acampamento

    Esse post é continuação da série Pedalando na América Austral, clique aqui para ler o post anterior, deixo no final uma lista com todos os post de serie publicados até o momento.

    Chegou a hora de dar tchau ao Brasil e iniciar a etapa internacional da viagem, no dia 28 de outubro de 2015, ao sair de Santa Vitória do Palmar, logo chegamos em Chuí no Brasil ou Chuy no Uruguay, a cidade é cortada ao meio por uma avenida de duas pistas chamada avenida Brasil no lado uruguaio e avenida Uruguai no lado brasileiro e marca oficialmente a divisa, na entrada da cidade encontramos dois motociclistas Rustinis e Meton que vieram de moto de Fortaleza, fizemos amizade e decidimos procurar um lugar para almoçar juntos dessa vez não cozinhamos na beira da estada e procuramos um restaurante, após o almoço nos despedimos e começamos a resolver as pendencias que tínhamos antes de seguir viagem, também precisávamos fazer compras em um mercado, descobrimos que no Brasil a comida é mais barata que no Uruguai, então fizemos compra em um mercado no lado brasileiro, enquanto resolvíamos nossas pendencias (o Leandro precisava despachar alguns itens de volta para sua mãe pelo correio), encontramos um cicloturista alemão, o Stephan que também seguiria para o sul, com mais um agregado no grupo seguimos para a aduna e oficialmente entrar no Uruguay, lá ouvimos falar sobre o turista de triciclo mais uma vez.

    Wagner, Stephan e Leandro em Barra del Chuy - Uruguay

    Pedalamos até Barra del Chuy, visitamos a praia e depois seguimos para o rio onde encontramos um lugar um pouco afastado da vila, lá havia um píer, bancos e mesas além de ser uma área arborizada bem agradável, decidimos que ali era um bom lugar para acampar, voltamos a vila fazer uma segunda compra naquele dia em um mercado compramos pão e uma garrafa de vinho de 1,5L para comemorar a entrada no Uruguay, voltando ao local do camping ajudamos alguns pescadores a tirar uma canoa do rio e isso nos rendeu alguns peixes recém pescados e já limpos, preparamos um macarrão e para assar os peixes fizemos uma pequena brasa, nosso jantar foi regado a vinho, fui dormir de barriga cheia e entusiasmado por estar em outro país.

    Píer ao lado do nosso acampamento

    No dia seguinte, nosso destino final era Punta del Diablo onde o Stephan tinha um contato de coushsurfing e nós iriamos perguntar se o host poderia nos receber também, já que se tratava de um camping, no caminho reencontramos Rustinis e Meton no meio da estrada, após conversar um pouco e tirar outra foto seguimos para o Parque Nacional de Santa Teresa onde pagamos 30 pesos uruguaios para visitar a fortaleza, após algumas horas e muitas fotos seguimos para o nosso destino do dia, ao chegar em Punta del Diablo, entrando no camping vimos algo que nos chamou a atenção...um triciclo amarelo ao lado de uma pequena barraca...mas o viajante que tanto ouvimos falar nos últimos dias no Brasil não estava lá.

    Fortaleza no Parque Nacional de Santa Teresa

    Conversamos com Julio, dono do camping que ao meu ver não era má pessoa mas também não fazia questão de ser simpático, ao saber que ele não receberia mais ninguém como coushsurfing (além do Stepan), teríamos que pagar para pernoitar ali decidimos ir procurar outro lugar, não encontramos outro camping aberto, só encontramos alguns hostels mais caros, depois de alguns minutos e refletir um pouco sobre nossas opções, resolvemos voltar para o camping do Julio e tentamos negociar um desconto, no camping encontramos um personagem importante dessa viagem, Oscar é o nome do tal viajante de triciclo, argentino que foi a Porto Alegre para compra o triciclo e lá iniciou sua viagem para Ushuaia, ainda nesse dia aproveitamos o fim de tarde com céu nublado do final do inverno uruguaio para ver a praia e tirar algumas fotos do local, nesse dia eu fiquei frustrado de novo, pois novamente meus planos tinha sido alterados pelo ritmo de viagem do grupo, meu plano era pernoitar no Parque Nacional de Santa Teresa e conhece-lo melhor, ao invés disso paguei para ficar em um camping onde tomei banho gelado (o primeiro de muitos nessa viagem).

    El Diablo

    De volta ao camping, conversamos com o Oscar sobre sua viagem e ele topou fazer uma entrevista para o projeto Leandro e do Wagner, na manhã seguinte o Stephan nos disse que tinha pouco tempo para fazer sua viagem e que queria seguir viagem em um ritmo mais rápido, nos despedimos dele e agregamos Oscar ao nosso grupo, na saída do camping vimos que o Stephan tinha esquecido uma bateria externa e o contrato da operadora de celular no Uruguay que ele tinha contratado, mandamos uma mensagem e saímos pensando chegar em Cabo Polonio.

    Chegamos em Castillos no início da noite e logo percebemos que teríamos que ficar nessa cidade, começamos a procurar um lugar para ficar, achamos um hospital que tinha um gramado ao lado do estacionamento, perguntamos se poderíamos acampar ali por uma noite, não foi possível, mas nos mandaram a rua atrás do hospital onde havia um terreno e nos disseram para avisar a polícia que estávamos acampados ali apenas para não nos acordar durante a noite caso houvesse alguma ronda pelas ruas, confesso que nesse dia eu estava um pouco incomodado, estava com um pé atrás em acampar em um lugar totalmente aberto dentro de uma cidade, antes de montar acampamento fomos até a delegacia que ficava a uma ou duas quadras próximo ao hospital, chegando lá perguntamos se havia algum problema ou perigo em acampar onde nos indicaram, o policial disse que a cidade era tranquila e não havia perigo nenhum podíamos ficar tranquilos, deixamos as bicicletas na delegacia e fomos ao mercado comprar algo rápido para comer e procurar um lugar onde poderíamos usar o wifi, enfim após andar um pouco pela cidade montamos acampamento no terreno indicado.

    Uma pausa a caminho de Castillos

    Na manhã seguinte fui acordado por uma dor no abdômen que me alertava para procurar um banheiro o mais rápido possível, e meu primeiro pensamento foi “estou perdido, aqui não tem banheiro”, saí da barraca e logo percebi que o Oscar também estava acordado, o avisei que eu iria procurar um banheiro no hospital e sai correndo dei a volta na rua para chegar na entrada do hospital, entrei na porta da emergência e não vi ninguém e também nenhuma indicação de banheiro, sai e no pátio dei mais uma volta no hospital e achei uma porta pequena, a abri e entrei em um corredor, andei um pouco e via uma sala que acredito ser onde se preparam os medicamentos para os pacientes, fiquei pensando se devia continuar ou não, estava em uma área do hospital que provavelmente era restrita aos funcionários, mas a dor de barriga me dizia que devia continuar e não havia ninguém ali para me advertir, andei mais um pouco pelo corredor até que para minha salvação e alivio encontrei um banheiro.

    Wagner e Oscar

    Então começamos a procurar um lugar para preparar um café da manhã, fomos ao posto de gasolina, pois precisávamos de gasolina para o fogareiro, não lembro o motivo mas demoramos muito tempo lá, depois de algum tempo e algumas voltas pela cidade procurando um lugar para montar o fogareiro e esquentar água para fazer um café voltamos ao nosso ponto de partida, o hospital, pedimos permissão para fazer o café da manhã do pátio e lá ficamos um bom tempo, pois além do café nesse dia cozinhamos batata para reforçar o desjejum.

    Recebemos uma mensagem do Stephan ele iria nos esperar na entrada de Cabo Polonio para pegar a bateria que tinha deixado em Punta del Diablo, nesse dia eu estava incomodado novamente, talvez por não ter cumprido o trajeto planejado no dia anterior, a demora em sair da cidade de Castillos, e isso estava me perturbando, talvez eu não estava me encaixando no ritmo do grupo, ao chegar na entrada de Aguas Dulces eu disse ao pessoal que achava que a hora de nos separar e cada um seguir em seu ritmo estava próxima, acho que eles ficaram processando o que tinha acabado de falar ficaram silencio e voltamos a pedalar (nesse momento me senti ignorado), começamos a pedalar de novo e logo chegamos na entrada do Parque Nacional Cabo Polonio, Stephan nos esperava e aproveitamos para fazer uma pausa ali e comemos alguma coisa, vimos que o Stephan estava em dúvida sobre seguir viagem ou ficar uma noite mais em Cabo Polonio, como ele mesmo disse “é um lugar especial” , pedimos para ele ficar conosco mais um dia conosco em e após alguns minutos ele resolveu ficar.

    Entrada do Parque Nacional Cabo Polonio

    Ficamos pensado o que fazer com as bicicletas, pois leva-las até a vila é impossível devido aos 6 km em uma estrada de areia e mais 2 km pela praia, conversando com uma funcionária do parque, ela disse que podia guardar nossas bagagens em uma sala fechada e as bicicletas podíamos deixar presas em um poste logo à frente do estacionamento e tinha um guarda 24 horas por lá, problema da bicicleta resolvido, começamos a nos preparar para o trekking e separamos algumas coisas para a noite em Cabo Polonio, onde é proibido acampar com barraca, então separamos apenas o isolante térmico, o saco de dormir, fogareiro, uma troca de roupa e comida, saímos para o trekking de duas horas, logo a estrada de areia mostrou sua dificuldade, meus pés afundavam na areia solta e o peso da mochila logo começou a incomodar, mas a paisagem recompensava qualquer sofrimento, chegamos a praia que tinha a areia firme e logo avistamos a vila que fica em um morro a beira mar, chegando lá fomos ao único armazém da vila, compramos pão, queijo, mortadela e uma garrafa de 1,5l do mais barato Cabernet Sauvignon, fizemos um lanche sentados na grama ao lado do armazém, depois tratamos de procurar um lugar para tomar um banho, encontramos um hostel que estava abarrotado de gente, nos cobraram 100 pesos uruguaios por um banho, um preço razoável se considerar que o lugar é isolado, não tem energia elétrica e o aquecimento é a gás, ficamos um tempo no hostel depois saímos para passear pela vila a noite antes de encontrar um lugar para dormir, encontramos um bar mas a cerveja era muito cara, enquanto estávamos decidindo o que fazer encontramos um brasileiro no bar ao perceber que havia entre nós um alemão o cara começou a fazer brincadeiras sem graça com o Stephan, tomamos as dores pra nós e fomos procurar outro lugar.

    Parador onde passamos a noite

    Caminhando pela vila toda escura, apenas com a iluminação de nossas lanternas nos afastamos um pouco da maior porção de casas e seguimos sentido a praia, lá encontramos um parador (bar de praia) que estava fechado, mas tinha uma varanda e era abrigado do vento, resolvemos ficar ali, cozinhamos e depois estendemos nossos sacos de dormir ali mesmo, cada um em um canto da varanda, mesmo sendo um lugar totalmente aberto eu me sentia tranquilo em dormir ali, no dia seguinte acordamos com a visão do mar e um sol muito brilhante, eu, Wagner, Oscar e Stephan fizemos uma caminhada entre as pedras próximas ao farol para visitar a colônia de leões ou lobos marinhos (confesso que não sei a diferenciar os animais) tiramos algumas fotos, uma cerca impõe um limite até onde podemos ir, ficamos ali algum tempo tirando fotos e olhando a tranquilidade dos animais, de volta ao parador começamos a arrumar nossa bagagem para fazer o trekking de volta, foram mais duas horas de caminhada na areia com sol forte. De volta a entrada do parque, mais um pouco de arrumação para colocar toda a bagagem que estava guardada na administração de volta nas bicicletas, Stephan se despediu de nós pela segunda vez.

    Lobos marinhos em Cabo Polonio

    Nesse dia eu me sentia melhor, acredito que a tranquilidade de Cabo Polonio espantou o mal-estar que vinha sentindo, como o Stephan nos disse "Cabo Polonio é um lugar especial” é um pouco difícil traduzir em palavras a vibe do lugar, é o tipo de lugar inexplicável, deve ser visitado e vivenciado, sai de Cabo Polonio com vontade de voltar um dia, nesse ponto o Uruguay começou a ficar marcado na viagem com lugares e passagens inesquecíveis.

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    André Lima
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    Publicado em 10/01/2020 10:26

    Realizada de 05/10/2015 até 31/03/2016

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