AventureBox
Crie sua conta Entrar Explorar Principal
André Lima 31/03/2020 01:10
    Pedalando na América Austral #09

    Pedalando na América Austral #09

    Até mais, Montevideo!

    Cicloviagem Acampamento

    Já é tradicional, mas vale o lembrete que esse post é parte da série Pedalando na América Austral, uma cicloviagem que realizei entre 2015 e 2016, se quiser ler o último post clique aqui, também deixo no final uma lista com todos o posts publicados até o momento.

    Em Punta del Este...

    Fizemos nossa rotina matinal de tomar café da manhã e levantar acampamento, naquele dia estávamos todos com preguiça, não sabíamos qual era nossa próxima parada, apenas pensamos em seguir pelo litoral, pedalamos dois ou três quilômetros até um posto de gasolina onde ficamos um bom tempo usando a internet do lugar, eu fiquei impaciente e queria seguir, eu achava que era um tempo precioso desperdiçado ficando parado ali, mais à frente na estrada percebemos que estávamos longe do litoral e entramos em uma pequena estrada que para nós fazia sentido e nos levara de volta ao litoral, nela encontramos um bosque com muitas arvores e decidimos que ali seria um bom lugar para almoçar, pedimos agua em uma casa próxima ao local para cozinhar. Depois de almoçar e descansar um pouco, continuamos pela estrada que em poucos quilômetros chegamos na beira do mar, no início a paisagem era um pouco deserta, com muito espaço entre as casas, mas a visão da praia era linda, aos poucos a paisagem foi se modificando e apareceram algumas casas a mais, estávamos em Punta Colorada, é difícil decidir se o lugar é bonito pela natureza ou pelo charme da vila que ali está. Mais alguns quilômetros e chegamos em Piriápolis, fizemos uma pausa no porto para usar o banheiro, lembro que nesse porto haviam mais veleiros que em Punta del Este, também fizemos uma pausa em um posto para fazer um lanche no fim da tarde e então seguimos para Las Flores, onde iriamos procurar um lugar para passar a noite.

    Camping em Las Flores

    Chegando em Las Flores, o pneu traseiro do Wagner furou e logo vimos a placa de um camping, chegando lá o Leandro e o Wagner explicaram seu projeto e ofereceram a troca da publicidade em seu site por uma pernoite, já que não poderíamos seguir viagem devido ao problema com o pneu, o dono do camping disse que não era necessário fazer publicidade de seu camping, pois recebia apenas excursões de escolas, mas nós poderíamos ficar uma noite sem custo, felizes com a notícia tratamos de montar acampamento e o Wagner foi remendar a câmara, mais tarde escutamos um som de piano vindo da casa do proprietário do camping.

    No dia 07 de novembro de 2015, um sábado, o objetivo era chegar em Montevideo, saímos do camping e a estrada logo nos levou de volta a autopista, um dia de pedal longo e sem coisas interessantes para ver, somente o interminável asfalto. Chegando na cidade, passamos por uma região de parques e bosques, todos nós estávamos com muita fome e a visão de um food truck ao lado de um parque nos salvou, todos pedimos hambúrguer...estava uma delícia ou minha percepção estava alterada pela vontade de comer algo diferente da comida que estava no alforge, após matar a fome seguimos em direção ao centro e logo estávamos em uma avenida muito movimentada o que nos atrasou um pouco devido ao anda e para do transito.

    Nossa rota pelo litoral

    Desde Punta del Este, viemos trocando mensagens com o contato que nos foi passado pelo cicloturista argentino que encontramos por lá, o contato em Montevideo era Emilio um cicloativista participante da massa-critica que nos disse que poderia nos receber em seu apartamento, chegamos no seu endereço e mandamos uma mensagem ele respondeu que havia saído mas logo estaria de volta, ficamos esperando na frente do prédio onde mora, após duas horas ele chegou e seus pais estavam juntos, pois vieram passar o fim-de-semana em sua casa, ao ver as bicicletas disse que não haveria onde guarda-las, pois o apartamento era pequeno e seus pais ficariam até segunda-feira, decidimos tirar a bagagem para guardar e levar as bicicletas até um estacionamento ao lado de um posto de gasolina a três quadras do apartamento de Emilio. No estacionamento conversamos com o funcionário que nos atendeu e ele disse que iria cobrar o valor da pernoite de uma moto pelas três bicicletas e o triciclo, feito, deixamos as bicicletas e voltamos para o apartamento, ficamos um tempo conversando com o Emilio, após um tempo eu fui tomar um banho e assim os músculos relaxaram e eu senti o sono bater, fui o primeiro a estender o saco de dormir em um canto do apartamento para dormir.

    Nossa rota pelo litoral

    Na manhã seguinte, tratamos de ir ao estacionamento retirar as bicicletas, pois havia uma delegacia próxima e nós iriamos deixar as bicicletas na frente dela, ao chegar no estacionamento o funcionário do turno do dia queria cobrar uma diária de carro de cada uma das bicicletas, explicamos o que foi combinado e ele não entendeu por completo, e nos disse o valor de uma diária de moto para cada um, explicamos de novo, ele fez uma ligação para esclarecer a situação e então nos cobrou o que foi combinado na noite anterior. Saindo do estacionamento seguimos até a delegacia, conversamos com o guarda que estava na guarita na entrada da delegacia, ele nos disse que as bicicletas tinham que ficar do outro lado da rua, junto a um amontoado de motos aprendidas que estavam deteriorando ali. Deixamos as bicicletas(e o triciclo) acorrentadas ali e tratamos de ir ao mercado e também aproveitamos a feira que tinha em uma rua próxima para comprar comida e fazer o almoço para todos.

    Eu não estava muito animado para ficar ali, estava me sentindo desconfortável, e a viagem em grupo estava pesando para mim, estava vendo meus planos saírem dos eixos, tendo que hora ou outra mudar um pouco meus planos seja em relação a lugares que queria passar ou pelo ritmo que queria seguir, também não botei muita fé em deixar a bicicleta na rua, estávamos mal acomodados, pois o apartamento do Emilio era pequeno para receber 4 visitantes além de seus pais, eu também tinha a impressão que ele estava incomodado em nos receber, sua sala tinha virado um amontoado de alforges e por isso mal conseguíamos sentar na mesa ou no sofá, dias antes eu reclamei por ter parado em um posto para usar internet, mas nesse dia eu precisava dela e o Emilio não tinha internet, então fui com o Leandro até um bar próximo onde tinha wi-fi liberado, minha desculpa era conversar com a família mas eu estava procurando um hostel que tivesse um lugar para guardar a bicicleta, não consegui achar nada barato e desisti da ideia, no caminho de volta eu pensei que poderia seguir viagem naquele mesmo dia.

    Nossa rota pelo litoral

    De volta ao apartamento, todos já haviam almoçado e o Emilio havia saído novamente com seus pais, eu tive a impressão de ter sobrado pouca comida para eu e o Leandro, mais uma situação que me deixou chateado mas não quis falar nada sobre isso, depois de comer fui lavar a louça eu não estava em um bom dia quando o pessoal começou a conversar em um tom de voz elevado, foi quando percebi que a viagem em grupo não fazia mais sentido pra mim e eu não queria mais ficar ali decidi que era hora de seguir sozinho. Chamei a atenção de todos e disse que iria seguir viagem a conversa parou, Leandro e Wagner tentaram argumentar para eu ficar, eu expliquei os meus motivos e comecei a preparar minhas coisas, quando terminei de arrumar meus alforges o Wagner foi comigo até a delegacia para buscar a bicicleta, chegando lá, já havia ocorrido a troca de turno do policial da guarita e o “novo” policial veio conversar conosco, o mesmo nos disse que a noite não fica ninguém na guarita e que não era bom deixar as bicicletas ali e nos falou de mais alguns problemas de segurança pública da cidade, de volta ao apartamento, passamos as informações sobre a segurança das bicicletas para o Leandro e o Oscar, após alguns minutos o Oscar perguntou se eu poderia esperar, pois se não era mais seguro deixar o triciclo na frente da delegacia ele também seguiria viagem, então, após alguns dias de viagem nos dividimos, Leandro e Wagner ficaram em Montevideo, eu e Oscar saímos da cidade seguindo em direção a Colonia del Sacramento, na despedida apesar das diferenças ficou o sentimento de estar deixando amigos para trás, a viagem deveria seguir de qualquer maneira, cada um saiu de casa sabendo que iria encontrar pessoas pelo caminho e que uma hora ou outra haveria uma despedia, o Leandro pediu o meu celular emprestado e gravou um vídeo de nossa despedida.

    Posts relacionados

    André Lima
    André Lima

    Publicado em 31/03/2020 01:10

    Realizada de 05/10/2015 até 31/03/2016

    Visualizações

    1408

    2 Comentários
    Edson Maia 04/04/2020 15:38

    Esse trecho entre Punta Balena e Piriápolis é fantástico! Verão que vem, se as coisas melhorarem quero dar mais um pedal no litoral uruguayo. Sou apaixonado por essas praias tranquilas. Valeu o registro!!!

    André Lima 04/04/2020 19:08

    Edson, o lugar é lindo mesmo, antes de ir eu não botava fé, o lugar me surpreendeu.

    André Lima

    André Lima

    São Paulo - SP

    Rox
    1036

    Ciclista, viajante e pai do Theo e da Mariana :) Autor do antigo blog PedalandoBicicletas e sempre planejando a próxima aventura!!! Instagram @andr.slima

    Mapa de Aventuras
    linktr.ee/andre.lima


    Mínimo Impacto
    Manifesto
    Rox

    Bruno Negreiros, Peter Tofte e mais 442 pessoas apoiam o manifesto.