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André Lima 30/07/2020 23:32
    Pedalando na América Austral #16

    Pedalando na América Austral #16

    Um natal inesperado

    Cicloviagem Acampamento

    Continuando a série Pedalando na América Austral, uma cicloviagem que realizei entre 2015 e 2016, deixo aqui o link do post anterior e também deixo no final uma lista com todos os posts publicados até o momento.

    Depois de alguns dias descansando em Puerto San Antonio Este, decidimos seguir viagem, nós deveríamos voltar um pouco pelo mesmo caminho até o retorno da RN 3 e seguir viagem Patagônia a dentro, no mapa é possível ver que ali há uma pequena baia e do outro lado San Antonio Oeste que era nosso destino, a cidade é visível a olho nu, por terra a distância não é grande, cerca de 60km, mesmo assim decidimos fazer esse trecho de ônibus, pensamos em adiantar um pouco a viagem e ir um pouco mais longe naquele dia ou talvez era só um pouco de preguiça mesmo...rs.

    Encontro com ciclista em Las Grutas

    Chegando em Antonio Oeste, tratamos de ir ao mercado para nos abastecer e pedalamos um pouco até Las Grutas, lá encontramos um ciclista que estava viajando com seu filho em uma bike que ele mesmo adaptou para levar o garoto, conversamos um pouco com ele e enrolamos um pouco até que decidimos procurar um camping, encontramos um camping bem estruturado mas estava um pouco cheio, pois a temporada já havia começado, o Leandro e o Wagner foram apresentar seu projeto para o dono do camping afim de trocar a publicidade em seu site pela nossa pernoite, ele gostou da ideia e nos permitiu passar a noite no camping sem pagar a diária, no dia seguinte Leandro nos contou que o dono do camping simpatizou tanto com o projeto deles que lhes deu uma ajuda em dinheiro para continuar viajando.

    Las Grutas

    Antes de seguir viagem fomos ver a praia e por isso, pedalamos pouco nesse dia, cerca de 34km até chegar em um posto no meio da RN 3, nesse ponto a paisagem já tinha cara de deserto, no dia seguinte encaramos um longo trecho até Sierra Grande, 89km, pouco depois de sair do posto a bicicleta do Wagner quebrou, não conseguiríamos consertar ali, nesse momento pensamos que sozinho ele tinha mais chances de conseguir uma carona, pois dificilmente alguém pararia para quatro ciclistas no meio do nada, eu, Leandro e Oscar seguimos e algumas horas depois um pequeno carro passa por nos buzinando, o Wagner havia conseguido uma carona e sua bicicleta ia amarrada no teto.

    Sierra Grande

    Conforme avançávamos víamos no horizonte a cadeia de montanhas que dá nome a região cada vez mais próxima, chegamos a Sierra Grande já era noite, atravessamos a cidade seguindo pela RN 3 até que paramos em um posto de gasolina, mas não seria legal parar ali, pois havia muito movimento e carro de som, atravessamos para o outro lado onde havia outro posto muito mais tranquilo, mandamos mensagem para o Wagner para avisar onde estaríamos e fomos comer um delicioso choripan (lanche de linguiça com chimichurri). No dia seguinte o Wagner nos encontrou no posto onde passamos a noite, ele nos contou que pegou carona com uma família, que lhe deram algumas peças para consertar a bike e também o convidou para passar a noite em sua casa.

    Saímos de Sierra Grande sem saber onde iriamos parar, não sabíamos o que tinha pela frente, o Natal estava se aproximando era 23 de dezembro, nesse dia passamos a divisa da província de Chubut, essa divisa é marcada pelo Rio Verde e nesse ponto há um posto de controle da polícia, e claro que nos pararam, depois de mostrar documentos e responder algumas perguntas sem nexo seguimos viagem com a recomendação de tomar cuidado na estrada e não fazer nada de errado. Ok seu guarda!!! Seguimos viagem.

    Mais alguns quilômetros que chegamos em um pequeno restaurante chamado El Empalme, que fica no acesso para Puerto Lobos, aqui está um lugar que todo viajante na Ruta 3 deve parar, o lugar não é grande coisa, mas as pessoas são que moram ali fizeram a diferença, pelo menos para mim, nos descansamos um pouco e quanto comemos alguma coisa pensamos o quanto faltava para chegar em Puerto Madryn, cerca de 80km, pedimos para acampar ali e os donos um casa de idade avançada concordaram, mas ao andar pelo terreno todo forrado de pedras não achamos nenhum lugar apropriado para montar as barracas, bom ali também há meia dúzia de quartos para alugar, eu e Oscar conversamos com o senhor, ele nos fez por 200 pesos a diária, mas havia um problema o quarto só tinha 3 camas, para ninguém dormir no chão foi permitido que um de nós utiliza-se o quarto ao lado, foi o Leandro que passou a noite no quarto ao lado.

    Leandro e Wagner seguindo viagem para Puerto Madryn

    No dia seguinte é que as coisas mudaram e o local e a generosidade das pessoas ali fez a diferença, era véspera de natal, Leandro e Wagner estavam ansiosos para pegar estrada, mas o Oscar mal conseguia ficar em pé por causa das de dores nos joelhos. Como não chegamos a um acordo nos dividimos mais uma vez, eu e Oscar ficamos no restaurante e combinamos que s encontraríamos Leandro e Wagner em Puerto Madryn. A nossa conta no restaurante ainda estava em aberto e só aumentava, almoçamos com direito a refri e combinamos mais uma pernoite, os donos do lugar nos avisaram que iriam receber seus familiares para a Ceia de Natal e eles ocupariam os demais quartos, também nos avisaram quais as opções para o jantar e que o restaurante ainda funcionaria até meia-noite para atender os caminhoneiros que estavam trabalhando longe de suas famílias.

    Eu e Oscar durante a Ceia de Natal

    A noite havia uma grande mesa no salão onde se reunia os familiares dos donos, eu e Oscar fizemos nossa refeição em uma pequena mesa do outro lado do salão, após finalizar nossa refeição a senhora nos convidou para fazer o brinde de Natal com sua família. Sentamos na mesa deles, contamos um pouco das nossas histórias, ouvimos uma prece feita por um deles e brindamos com vinho, então eles começaram a trocar seus presentes e Senhora dona do restaurante nos trouxe duas garrafas de vinho como presente, ficamos muito felizes e agradecemos, infelizmente não tínhamos nada para dar em troca apenas nossa gratidão. Na manhã seguinte fomos acertar nossa conta para seguir viagem, e para nossa surpresa mais um presente, pelas minhas contas devíamos para mais de 500 pesos, nos foi cobrado apenas a primeira pernoite de 200 pesos, todo o resto incluindo nossas refeições e bebidas não foi cobrado, saímos mais que felizes, agradecidos de levando duas garrafas de vinho.

    Parador El Empalme - Los Lobos

    Chegamos em Puerto Madryn no fim do dia, passamos pelo distrito industrial e logo chegamos ao centro onde encontramos Leandro e Wagner que havia encontrado um hostel em que era permitido acampar no quintal, pelo hostel estar fechado não nos cobraram para acampar ali, mas nos foi dado um prazo para sair, nos dias em que fiquei em Puerto Madryn pensei no rumo que a viagem iria tomar e também havia um sentimento de despedia, como combinado em Bahia Blanca, ali era o ponto onde o grupo iria se separa mais uma vez, Leandro e Wagner iriam para Esquel enquanto eu e Oscar seguiríamos para o sul em direção a Ushuaia, mas isso eu vou deixar para o próximo post.

    Chegando em Puerto Madryn

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    André Lima
    André Lima

    Publicado em 30/07/2020 23:32

    Realizada de 05/10/2015 até 31/03/2016

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    André Lima

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    São Paulo - SP

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    Ciclista, viajante e pai do Theo e da Mariana :) Autor do antigo blog PedalandoBicicletas e sempre planejando a próxima aventura!!! Instagram @andr.slima

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